As Práticas de Consumo de Lazer de Famílias com Crianças Autistas

Autores

  • Omero Galdino da Silva Junior PPGIC, Universidade Federal de Pernambuco, Brasil
  • Elielson Oliveira Damascena PPGIC, Universidade Federal de Pernambuco, Brasil https://orcid.org/0000-0002-6916-931X
  • Francisco Vicente Sales Melo Universidade Federal do Ceará, Brasil
  • Pamela Karolina Dias Universidade Federal de Pernambuco, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.31211/interacoes.n44.2023.a7

Palavras-chave:

Teorias da prática, Transtorno do espectro autista, Pesquisa transformativa do consumidor, Lazer

Resumo

Este artigo analisou como se configuram os elementos da prática de consumo de lazer entre famílias e cuidadores que convivem com pessoas autistas. Por meio de uma pesquisa qualitativa básica virtual, realizou-se entrevistas de campo semiestruturadas e de autorrelato. Foi possível identificar elementos que caracterizam a prática de consumo dessas pessoas a partir da adaptação de materiais em decorrência do transtorno da criança e orientações de profissionais para a vivência do lazer em família. A incompreensão do autismo por parte dos familiares, a ausência de espaços públicos para promoção do lazer para a rede de apoio e o medo do constrangimento em espaços privados, se manifestaram como algumas das barreiras à prática de consumo de lazer. Entende-se que se faz necessária uma articulação entre as esferas públicas e privadas na oferta de materiais e competências para suprir a carência dessa população, especialmente no que se refere ao lazer visto que se trata de um hábito que nem sempre é praticado por falta de ambiente adequado. Esta pesquisa indica caminhos que podem ser seguidos para que haja mais políticas públicas e iniciativas privadas condizentes com as necessidades das famílias analisadas.

Referências

Abreu, A., & Teodoro, M. L. M. (2012). Família e autismo: uma revisão da literatura. Contextos clínicos, 5(2), 133-142. https://doi.org/10.4013/ctc.2012.52.07

Allen, K. (2021). Mothers’ Perceptions of Day Care Programs for Adults with Autism (Tese de doutorado). Capella University.

Althoff, C. R., Renck, L. I., & Sakae, S. V. S. S. (2005). Famílias de crianças que necessitam de cuidados especiais: o impacto sobre a vida familiar. Família, Saúde e Desenvolvimento, 7(3), 221-229. http://dx.doi.org/10.5380/fsd.v7i3.8027

American Psychiatric Association [APA](2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed.

Anacopoulo, E. P. (2015). One More Time: What Is Practice? TAP: Teoria e Prática em Administração, v. 5, n. 2, p. 1-26. https://www.researchgate.net/publication/304579913_One_more_time_-_What_is_Practice

Aquino, C. A. B., & Martins, J. C. O. (2013). Ócio, lazer e tempo livre na sociedade do consumo e do trabalho. Revista Mal Estar e Subjetividade, 7(2),479-500. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482007000200013

Banach, M., Iudice, J., Conway, L., & Couse, L. J. (2010). Family support and empowerment: Post autism diagnosis support group for parents. Social work with groups, 33(1), 69-83. https://doi.org/10.1080/01609510903437383

Barbosa, Milene Rossi Pereira, & Fernandes, Fernanda Dreux Miranda. (2009). Qualidade de vida dos cuidadores de crianças com transtorno do espectro autístico. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 14(4), 482-486. https://doi.org/10.1590/S1516-80342009000400009

Bardin, L. (2016). Análise de Conteúdo. (3ª Reimpressão). Edições 70.

Bentenuto, A., Perzolli, S., de Falco, S., & Venuti, P. (2020). The emotional availability in mother-child and father-child interactions in families with children with Autism Spectrum Disorder. Research in Autism Spectrum Disorders, 75. https://doi.org/10.1016/j.rasd.2020.101569

Bessette, G. J., McAlpine, C. P., Garwick, A., & Wieling, E. (2016). Severe Childhood Autism: The Family Lived Experience. Journal of Pediatric Nursing, 31(6), 580–597. https://doi:10.1016/j.pedn.2016.09.002

Bräuchler, B., & Postill, J. (Eds.). (2010). Theorising media and practice (4). Berghahn Books.

Brewer, A. (2018). “We were on our own”: Mothers’ experiences navigating the fragmented system of professional care for autism. Social Science & Medicine. https://doi:10.1016/j.socscimed.2018.08.039

Carvalho-Filha, F. S. S., Silva, H. M. C., Castro, R. D. P. D., Moraes-Filho, I. M. D., & Nascimento, F. L. S. C. D. (2018). Coping e estresse familiar e enfrentamento na perspectiva do transtorno do espectro do autismo. Revista de Divulgação Científica Sena Aires, 7(1), 23-30. http://revistafacesa.senaaires.com.br/index.php/revisa/article/view/300

Dias, C. L., Costa, E. M., & Barbosa-Medeiros, M. R. (2021). Qualidade de vida de pais de crianças com transtorno do espectro do autismo. Comunicação em Ciências da Saúde, 32(02).

Duarte, C. P., Schwartzman, J. S., Matsumoto, M. S., & Brunoni, D. (2016). Diagnóstico e intervenção precoce no transtorno do espectro do autismo: Relato de um caso. In Caminha, VL, Huguenin, J., Assis, LM & Alves (Org.). Autismo: Vivências e Caminhos. 45-56. http://dx.doi.org/10.5151/9788580391329-07

Gray, D. E. (1993). Perceptions of stigma: the parents of autistic children. Sociology of Health and Illness, 15(1), 102–120. https://doi.org/10.1111/1467-9566.ep11343802

Guedes, N. P. D. S., & Tada, I. N. C. (2015). A produção científica brasileira sobre autismo na psicologia e na educação. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 31(3), 303-309. https://doi.org/10.1590/0102-37722015032188303309

Günther, H. (2006). Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa: esta é a questão. Psicologia: teoria e pesquisa, 22(2), 201-210. https://doi.org/10.1590/S0102-37722006000200010

Hui, A. (2013). Moving with practices: The discontinuous, rhythmic and material mobilities of leisure. Social & Cultural Geography, 14(8), 888-908. https://doi.org/10.1080/14649365.2013.827736

Kanner, L. (1943). Autistic disturbances of affective contact. Nervous Child, 2, 217-250.

Kinnear, D., Rydzewska, E., Dunn, K., Hughes-McCormack, L. A., Melville, C., Henderson, A., & Cooper, S. A. (2019). Relative influence of intellectual disabilities and autism on mental and general health in Scotland: a cross-sectional study of a whole country of 5.3 million children and adults. BMJ open, 9(8), e029040. 1 https://0.1136/bmjopen-2019-029040

Leite, A., Alexandre, M., Tacconi, M., & Araújo, M. (2010). Percepções e reflexões de pesquisadores–uma abordagem sobre ética na pesquisa. Encontro da ANPAD, 34, 1-15.

Martins, G. D. A., & Theóphilo, C. R. (2009). Metodologia da investigação cientifica. São Paulo: Atlas, 143-164.

Merriam, S. B., & Tisdell, E. J. (2015). Qualitative research: A guide to design and implementation. John Wiley & Sons.

Messa, A. A., de Araújo, C. O., Freitas, C. S., Penna, E. C. G., Yasui, É. M., Aguiar, L. G., ... & Garcia, R. R. (2005). Lazer familiar: um estudo sobre a percepção de pais de crianças com deficiência. Cadernos de Pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, 5(1). https://www.researchgate.net/publication/267562290_Lazer_familiar_um_estudo_sobre_a_percepcao_de_pais_de_criancas_com_deficiencia

Mick, D., Pettigrew, S., Pechmann, C., & Ozanne, J. (2012). Origins, qualities, and envisionments of Transformative Consumer Research. In: Mick, D.., Pettigrew, S (Orgs). Transformative Consumer Research for Personal and Collective Well-Being. (1ed). Routledge

Munteanu, C. & Dillenburger, K. (2009). Familyfunctioning during the diagnosis process in familieswith children on the autism spectrum. SystemicTherapy, 3, 39–55. https://pure.qub.ac.uk/en/publications/family-functioning-during-the-diagnosis-process-in-families-with-

OMS. (2019). Autism spectrum disorders. https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/autism-spectrum-disorders

OPAS Brasil. (2017). Folha informativa - Transtorno do espectro autista. https://www.paho.org/bra/index.php?Itemid=1098.

Pezzato, L. M., Botazzo, C., & L’Abbate, S. (2019). O diário como dispositivo em pesquisa multicêntrica. Saúde E Sociedade, 28(3), 296–308. https://doi.org/10.1590/S0104-12902019180070.

Pinto, R. N. M., Torquato, I. M. B., Collet, N., Reichert, A. P. S., Souza Neto, V. L., & Saraiva, A. M.. (2016). Autismo infantil: impacto do diagnóstico e repercussões nas relações familiares. Revista Gaúcha de Enfermagem, 37(3), e61572. https://dx.doi.org/10.1590/1983-1447.2016.03.61572

Prodanov, C. C., & de Freitas, E. C. (2013). Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. (2ª Ed). Editora Feevale.

Reckwitz, A. (2002). Toward a theory of social practices: A development in culturalist theorizing. European journal of social theory, 5(2), 243-263. https://doi.org/10.1177/13684310222225432

Sampedro-Tobón, M. E., González-González, M., Vélez-Vieira, S., & Lemos-Hoyos, M. (2013). Detección temprana en trastornos del espectro autista: una decisión responsable para un mejor pronóstico. Boletín médico del Hospital Infantil de México, 70(6), 456-466. http://www.scielo.org.mx/pdf/bmim/v70n6/v70n6a6.pdf

Santos, L. L. D. S., & Silveira, R. A. D. (2015). Por uma epistemologia das práticas organizacionais: a contribuição de Theodore Schatzki. Organizações & Sociedade, 22(72), 79-98. http://dx.doi.org/10.1590/1984-9230724

Shove, E. & Pantzar, M. & Watson, M. (2012). The dynamics of social practice: Everyday life and how it changes. Sage.

Simões, C. L. (2012). O Autismo e o seu impacto na família (Tese de doutorado).

Silva, F. S. C., & de Viera, E. V. D. V. (2018).Benefícios do Turismo como atividade de lazer para pessoas autistas: um estudo de caso sobre a iniciativa do Clube Social Pertence. Fólio-Revista Científica Digital-Jornalismo, Publicidade e Turismo, (2), 157-170.

Taschner, G. (2010). Cultura do consumo, cidadania e movimentos sociais. Ciências Sociais Unisinos, 46(1), 47-52. https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=93820632007

Warde, A. (2017). Consumption. Palgrave Macmillan.

Wong, C., Odom, S. L., Hume, K. A., Cox, A. W., Fettig, A., Kucharczyk, S., & Schultz, T. R. (2015). Evidence-based practices for children, youth, and young adults with autism spectrum disorder: A comprehensive review. Journal of autism and developmental disorders, 45(7), 1951-1966. https://doi.org/10.1007/s10803-014-2351-z

Downloads

Publicado

2023-07-01

Como Citar

Junior, O. G. da S., Damascena, E. O., Melo, F. V. S., & Dias, P. K. (2023). As Práticas de Consumo de Lazer de Famílias com Crianças Autistas. Interações: Sociedade E As Novas Modernidades, (44), 165–185. https://doi.org/10.31211/interacoes.n44.2023.a7

Edição

Secção

Artigos