Invisibilidade, Desigualdade e Dialética do Real na Era Digital
Resumo
Na era digital, a possibilidade prática de engajar desigualdades como problemas políticos, ou seja, como problemas relacionados com a competição pelo controle da distribuição de valores na sociedade, é prejudicada pela invisibilidade digital da realidade.
No atual estado de coisas, a digitalização da sociedade reflete a influência da interpelação capitalista e provoca a invisibilidade do real. A invisibilidade do real através da digitalização capitalista, por sua vez, confunde digitação e digitalização, subordinando esta última à primeira. Construída como um processo inspirado na racionalidade tecnológica, a digitalização capitalista compromete a possibilidade de mobilizar conhecimentos e legitimar práticas de apoio à interpretação das invisibilidades em relação a desigualdades e injustiças.
De acordo com a perspectiva crítica de Andrew Feenberg e outros, a minha abordagem é que a influência do capitalismo na era digital resulta de uma apropriação epistémica de um desenvolvimento tecnológico. Esta apropriação é a fonte de invisibilidades que apoiam desigualdades e, por fim, injustiças que podem e devem ser combatidas. Partindo disso, o meu ponto é que a oposição a essa influência depende da possibilidade de estabelecer fundamentos epistémicos alternativos e da formulação de interpelações alternativas para a produção da subjetividade digital.
Para promover a agenda normativa da teoria crítica, discuto essa possibilidade em termos da ‘dialética do real’, da repolitização da construção social da realidade na era digital e do papel da literacia mediática crítica.
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